
Maria José Bezerra ingressou na Academia Acreana de Letras em 15 de junho de 2004, para ocupar a Cadeira 40, que tem como patrono Ramalho Junior, membro fundador Adalberto Sena, e antecessor Geraldo Gonçalo. Em 28 de novembro de 2022, foi homenageada com o Título de Imortal Emérita, pelos valorosos serviços prestados a AAL. Exerceu o cargo de Segunda Secretária da Diretoria Executiva da AAL, nos mandatos de 2007 a 2009; 2009 a 2011; 2011 a 2013; 2018 a 2020; e 2020 a 2022.
Nascida em Recife/PE, no dia 25 de dezembro de 1953, filha única de José Sátiro Bezerra (Pilar) e Josefa Ferreira dos Santos (Zefinha).É mãe da advogada Luanda Maria Bezerra de Siqueira Nascimento.
Proveniente dos segmentos sociais populares, aprendeu a conviver com “os diferentes”, tanto na residência do avô materno (Antônio Ferreira dos Santos) localizada no bairro do Cordeiro, onde residiu até os 6 anos de idade, quanto no ambiente escolar, universitário, profissional, erudito…
Tem consciência do que é ser nordestina, mulher e negra, devido às raízes africanas do seu avô paterno, Antônio José Bezerra e as experiências vividas em vários espaços sociais. Pelas suas várias misturas assume a postura de um ser múltiplo.
Ingressou na Academia Acreana de Letras em 15 de junho de 2004, para ocupar a Cadeira n. 40, que tem como patrono Ramalho Junior, membro fundador Adalberto Sena, e antecessor Geraldo Gonçalo. Em 28 de novembro de 2022 foi homenageada com o Título de Imortal Emérita, pelos valorosos serviços prestados à AAL. Exerceu o cargo de Segunda Secretária da Diretoria Executiva da AAL nos mandatos de 2007 a 2009; 2009 a 2011; 2011 a 2013; 2018 a 2020; e 2020 a 2022.
É graduada em Históriapela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); concluiu dois mestrados em História, um pela UFPE e outro pela UFAC/UFPE. Tem Doutorado em História Social, pela Universidade de São Paulo (2006).
Maria José Bezerra ingressou na Universidade Federal do Acre (UFAC)no ano de 1984, por concurso público, obtendo o 1º lugar na área de História Contemporânea. Permaneceu na instituição até novembro de 2012, quando se aposentoudo quadro docente na condição de Professora Associada II, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. No período que esteve vinculada a UFAC ministrou disciplinas nos cursos de História (licenciatura e bacharelado), Economia (bacharelado) Geografia (bacharelado) e Ciências Sociais (bacharelado). No âmbito da UFAC também realizou pesquisas e desenvolveu projetos de extensão comunitária, vários destes em ação consorciada com instituições públicas e privadas localizadas no estado do Acre e em outras Universidades e instituições nacionais e estrangeiras.
Teve uma breve experiência de ensino e pesquisa nos cursos de Administração – especialização em Análise de sistema, Comunicação Social especialização em jornalismo, e Serviço Social, ministrados no Instituto de Ensino Superior do Acre (IESACRE).
Registra-se ainda que foi estagiária do Projeto Rondon, no Hospital Getúlio Vargas (1973) e o período em que lecionou no Ginásio Pernambucano (1976), na Escola de Aprendizes Marinheiro de Pernambuco (1980-1984) e na Faculdade de Formação de Professores em Goiana (1980-1984).
Em toda a sua carreira foram 40 anos dedicados ao magistério.
Nessa fase da vida, apesar dos problemas de saúde, está desenvolvendo uma pesquisa a nível de pós-doutorado na USP, com a seguinte abordagem: “Escuta das outras – a imigração de mulheres oriundas da África portuguesa para o Brasil, ou delas descendentes– um estudo de caso: mulheres quilombolas em São Paulo”, no qual a meta é trazer para o cenário da escrita da história, a mulher negra/preta, em geral discriminada pela cor e condição social.
A história brasileira vivida ou escrita sempre privilegiou o protagonismo masculino. Raramente o agir das mulheres está presente, e nesse sentido destacamos as pesquisas e publicações da historiadora Mary Del Priori.
Assim, a problemática que busca enfrentar é o desafio de refletir e escrever um texto históricoque traz para a escrita da história asvozes, memórias e oralidades de mulheres quilombolas radicadasno estado de São Paulo, dando ênfase as vozes, memórias e experiências de mulheres marcadas pela cor, o que demanda trabalhar com várias fontes: bibliográfica, documental e oral.
Recentemente, escreveu um capítulo no livro editado em homenagem a escritora Florentina Esteves, publicado pela Fundação de Cultura Elias Mansour e também produziu dois capítulos da obra organizada pelo Prof. Dr. Reginâmio Bonifácio de Lima, docente do Colégio de Aplicação da UFAC e membro da AAL, alusivo a trajetória da instituição até o tempo presente.
A última publicação: Projeto Rondon na Amazônia Legal (1968- 1989); (2005- 2021) foi publicada em 2024, através da EAC e encaminhada a vários órgãos públicos.
Parte de sua produção se encontra nos arquivos da Biblioteca da Casa Branca, em Washington, EUA. A maior Biblioteca do Mundo.
Relevante também assinalarmos que desde 1985, Maria José vem colaborando com a imprensa local do Acre publicando artigos, matérias e informes. Inclusive os 11 fascículos da série “Memória e imagens da Revolução Acreana” impressos pelo jornal “A Tribuna”, além de ter coproduzido 10 vídeos sobre temas do Acre, no estilo de documentário, com fins pedagógicos.
Também convém destacarmos a produção da Dissertação de Mestrado “Invenção da Cidade – a modernização de Rio Branco durante a gestão do governo Guiomard Santos (1946 – 50)” – 2002 e a Tese de Doutorado “Invenções do Acre – do Território a Estado – um olhar social”-2006, e organização e transcriçãoda coletânea de documentos da publicação “Documenta Galvez – o Estado Independente do Acre “ – 1999.
Ao fazer uma síntese analítica de suas criações constata-se a afinidade de Maria José com a tradição historiográfica francesa denominada “École des Annales”, que se revela na escolha dos temas; nos diálogos com outras áreas do conhecimento humano presentes nas interpretações construídas; nas abordagens centradas no social ou cultural; nas linhas de pesquisa relacionadas à Memória e identidade; Grupos sociais, espaço e natureza; cidade e modernidade; na utilização de fontes diferenciadas e em suportes diversos, numa escrita que prioriza a linguagem coloquial ou literária, especialmente metafórica.
Nos limites dessa amostragem de biografia, ressaltamos os seguintes títulos: “Dossiê (AC) elevação do Acre a Estado” (Org.) – 1992; “Senhores da Rua – o imaginário de crianças e adolescentes de/na rua da cidade de Rio Branco – AC” (organização e coautoria) 1997; “Álbum da cidade de Rio Branco – a marca de um tempo-história, povo e cultura” (organização e coautoria) – 1993; “Álbum da Cidade de Cruzeiro do Sul – revisitando o Juruá” (organização e coautoria)- 1994; “Caminhos da educação – Colégio de Aplicação da UFAC – 15 anos de história (organização e coautoria) 1998; “Damas da Noite – sexualidade e prazer como estratégias de sobrevivência (organização e coautoria) – 2001; “Chico Mendes in memoria” (publicado nos EUA – New Orleans, organização e coautoria) – 1998; “Algumas reflexões sobre memória y oralidade de las ‘Damas da noite’ (artigo publicado na Espanha, na Revista do Departamento de História Contemporânea – Barcelona) – 2002.
Após a aposentadoria da UFAC tem participado de vários cursos ministrados por docentes de alto nível acadêmico, vários com títulos de doutorado e pós-doutorado por Universidades mundiais de alto nível, a exemplo da Universidade de Jerusalém, classificada entre as 100 melhores do mundo. Também tem produzido artigos em obras coletivas, dentre outras atividades com fins culturais.
Apesar de certa fragilidade no campo da saúde (até o presente 23 cirurgias ao todo), Ela é aquela que NÃO DESISTE NUNCA.
Curtir a família, viajar e contemplar as belezas da natureza – bichos, plantas, rios, mares e oceanos. Não há coisa melhor… Afinal, ninguém é de ferro…
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Magaly Mattos, BEZERRA, Maria José. Caminhos de educação – Colégio de Aplicação da UFAC- 15 anos de história. Rio Branco -AC – 15 anos de história. Rio Branco-AC: Gráfica da UFAC, 1985.
BEZERRA, Maria José. ARAUJO, Telma Galdino da Silveira. Revisitando o Ginásio Pernambucano– memórias, oralidades e histórias. 2023.
BEZERRA, Maria José et al. (Org.). Dossiê- Acervo: Guiomard Santos (Acre) Elevação do Acre a estado. Rio Branco: Gráfica Globo, 1992
BEZERRA, Maria José. Senhores da rua – o imaginário de meninos e meninas de/nas ruas da cidade de Rio Branco- AC. Branco. Rio Branco: Gráfica Globo, 1987
BEZERRA, Maria José. Damas da noite – sexualidade e prazer como estratégias de sobrevivência. Rio Branco- AC: Gráfica Globo, 2001.
______. ACRE DAS MULHERES. Rio Branco: Governo do estado do Acre / Secretaria Extraordinária da Mulher, 2006.
BEZERRA, Maria José. A invenção da cidade: a modernização de Rio Branco na gestão do governo Guiomard Santos (1946-50). Rio Branco – AC: 2002.
BEZERRA, Maria José. Invenções do Acre: de Território a Estado – um olhar social.
Rio Branco: AEA, 2016.
________. Revisitando memórias na Amazônia Legal-operações Rondon em tempos
conjunturais (1968 – 1989); 2005 – 2021).Rio Branco: EAC, 2024.